domingo, 29 de julho de 2012

 Sempre quis dizer isso, mas nunca me respeitaram, quem sabe respeitam a Srta. Beauvoir!?

Uma vez que a linguagem não é a tradução de um texto já formulado, mas se inventa a partir da experiência indistinta, toda palavra é sempre apenas uma ‘maneira de falar’: poderia haver uma outra. É por isso que o escritor detesta ser ‘tomado ao pé da letra’, ou seja, preso, imobilizado, amordaçado pelas palavras escritas. Elas paralisam meu pensamento, quando na verdade ele nunca para.
Simone de Beauvoir. Balanço Final. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990 [1972]. p. 131.

sábado, 14 de julho de 2012

Buenos Aires

Já estive em Buenos Aires por duas vezes e, como observadora que sou, tive essa mesma impressão da cidade que é narrada no início do filme Medianeras que comecei a assistir alguns dias atrás (só não concluí pq o DVD deu pau). 
É uma metáfora que se encaixa a muitas cidades do mundo, inclusive brasileiras.Uma metáfora que nos faz pensar que as cidades são telas gigantes que não nos fazem enxergar o outro e a nós mesmos. Eu o considero um filme filosófico, crítico.
Me desculpem algum erro, pois a tradução é minha.
Mesmo não tendo acabado de ver, sugiro o filme. Pra quem quer apenas a abertura, segue: 


Ana


"Buenos Aires cresceu descontrolada e imperfeita. É uma cidade superpopulosa num país deserto. Uma cidade em que se enxerga milhas e milhas de edifícios, sem nenhum critério. Ao lado de um muito alto, há um muito baixo. Ao lado de um racionalista há um irracional. Ao lado de um em estilo francês há outro sem nenhum estilo. 
Provavelmente essa irregularidade nos reflete perfeitamente. Irregularidades estéticas e éticas. Esses edifícios, que se sucedem sem nenhuma lógica, demonstram a falta total de planificação. Exatamente igual a nossa vida. Levamos assim sem ter a mínima ideia de como queremos ser. Vivemos com se estivéssimos de passagem por Buenos Aires. Somos os criadores da Cultura do Inquilino. 
Os edifícios são cada vez mais pequenos para dar lugar a novos edifícios menores ainda. Os apartamentos se medem por ambientes e vão dos excepcionais cinco ambientes, com sacada, sala de jogos, dependência de serviços, depósito, até monoambiente ou caixa de sapatos. 
Os edifícios, como sendo coisa pensada pelos homens, servem para que nos diferenciemos uns dos outros. Existe uma frente e um fundo. Andares altos e baixos. Os privilegiados são identificados com a letra A, excepcionalmente a B. Quanto mais priorizam o abecedário, menos categoria tem a vivenda (o apartamento). A vista e a luminosidade são promessas que raras vezes se coincidem com a realidade. 
O que se pode esperar de uma cidade que dá as costas ao seu rio? Estou convencido que as separações e os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a incomunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, os suicídios, as neuroses, os ataques de pânico, a obesidade, as contraturas, a insegurança, o hipocondrismo, o estress  e o sedentarismo são responsabilidade dos arquitetos e empresários da construção."

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Por causa de não sabermos o que fazer

Desde ontem, tudo tem sido surreal. Um turbilhão de sentimentos, não esperava. O pior é que acredito no pedido de desculpas. Que bom que ele continua humano... Foi assim que o conheci.