domingo, 20 de janeiro de 2019

Onde estamos?

"Muitos me dizem que é preciso ter memória para não repetir os erros do passado. Eu conheço o bicho humano! É o único animal que tropeça 20 vezes na mesma pedra. Cada geração aprende com aquilo que vive, não com o que as outras viveram. A história dos outros no ensina o quê? Só aprendemos com aquilo por que passamos."
Pepe Mujica.
Com essa frase eu desenho o momento em que vivemos. Estamos em uma crise política justamente por que não aprendemos com a nossa história. Caso contrário, não nos atreveríamos eleger um fascista que flerta com a Ditadura Militar. Nesse ponto, dever de minha profissão, lembrar as pessoas da nossa história, falhei, falhamos. Mas não intencionalmente, talvez não conheçamos tão bem o bicho humano, como o Pepe.
Ontem assisti o filme Uma noite de 12 anos e fiquei pensando o que leva uma ser humano a defender a volta da ditadura. Lhe falta humanidade? Talvez, Mas lhe falta conhecimento, discernimento, lhe falta sofrimento.
Um filme tenso, onde quase entramos na cabeça dos encarcerados. Uma psicologia bem perto do nunca, muitos de nós chegaremos na vida. A escuridão que nunca encaramos. É preciso viver 7 anos sem ler uma só linha de um livro pra sabermos a loucura que isso causa. Nunca pensei que uma prisão poderia ser umas reinvenção da vida. É preciso viver a qualquer custo e pra quem quer mudar o mundo, sofrer é rotina, mas como o próprio Mujica diz, no final se vê que se aprendeu mais do que sofreu.
Reflito sobre que Brasil é esse de 2019. Reflito se as pessoas estão doentes ou se são apenas uma classe média mimada, que não sabe viver sem o seu consumo e que está vendo tudo desmoronar. Pepe, ex-presidente uruguaio, nos mostra que não é preciso muito pra viver. Enquanto presidente, não morou em palácio, não usava carro blindado, mas seu fusca 1970, doava 90% do seu salário para a caridade. Não é uma apologia à pobreza, mas uma apologias à sobriedade.
"Ou se é feliz com pouco, pois a felicidade está dentro de você, ou não consegue nada. Inventamos uma sociedade de consumo e a economia tem que crescer ou acontece uma tragédia. Mas o que estamos gastando é tempo de vida. Porque quando compro algo, ou você, não pagamos com dinheiro. Compramos com o tempo de vida que tivemos que gastar para ter aquele dinheiro. Mas como uma diferença: A única coisa que não se pode comprar é a vida. A vida se gasta. E é lamentável gastar a vida para perder a liberdade."


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Era pra mim

Muito tempo já se passou e aquele relacionamento ainda está vivo em mim. Não como antes, hoje ele definha, mas ainda vive, ou sobrevive.
Hoje ele tem outro relacionamento, acredito que ainda cheio de intrigas e mentiras, como era quando estava comigo, mas, cada vez mais, tenho pra mim que isso não é mais da minha conta, mesmo que eu ainda use muitos artifícios pra me manter conectada a ele.
Hoje me questionei se eu era louca, se não estaria inventando toda aquela dor psicológica que ele me fazia sentir. Se ele era um cara normal e eu quem teria imaginado, visto que ele não me amava de fato. que eu não tivesse o direito de achar que vivi um relacionamento abusivo.
Mesmo que ele não seja quem eu acredito que ele seja, pra mim ele foi. Ele roubou a minha liberdade, os meus amigos, a minha paz e minha vida.
Voltar a ser dona de mim e da minha vida é muito mais complicado que perdê-la. Quando deixamos o outro levar a nossa vida, a entrega é completa e feliz, pois acreditamos no outro. Depois que vemos que ele tirou tudo, que estamos sozinhas, que até a nossa família nos é estranha, ele vai embora e é nesse momento que tudo desmorona.
Você se pergunta: Como deixei alguém me roubar de mim dessa forma? Quem está ao meu lado? Quem são meus amigos? O que eu gosto de fazer? QUEM SOU EU?
Passar por um processo de reconstrução é doloroso, porque além de não ter mais a sua vida, você não tem mais ele. Uma solidão completa e a reconstrução é lenta. Muitas vezes, dolorosa por ter que ouvir muita coisa dos seus "ex"-amigos, da sua "ex"-família e da sua "ex"-você.
Escrevi uma carta à atual namorada dele. Me pediram pra eu ler. A carta, era pra mim. Eu li ali tudo o que eu queria dizer pra mim. Eu escrevi com um cuidado imenso de não me machucar. Eu escrevi que eu não tinha escolhas naquele momento, alguém me contasse toda a verdade ou não. Eu escrevi o que eu nunca me disse antes.
Ali, percebi que eu estou voltando a ser minha. Que eu estou começando a tomar as rédeas da minha vida. É preciso perceber essa reconstrução, caso contrário, ela não será uma transformação profunda. Mas como dói saber que eu não fui cuidadosa comigo. Como dói saber que eu não me ouvi. Não me respeitei.
Mas a história um dia será enterrada. Um dia, eu serei plena. E, então, serei a mãe que o Theo merece.